domingo, 20 de maio de 2018

Hebreus e Fenícios

Os hebreus e os fenícios foram povos que existiram na Antiguidade Oriental. Estes se fixaram em uma faixa de terra localizada no Mediterrâneo Oriental, banhada pelo mar Mediterrâneo. Seus domínios e impérios não foram grandes, mas tiveram grande importância para as sociedades futuras. Vamos conhecer quem foram esses povos e suas características. 

Mapa da região da Palestina 

Os Hebreus 

Os hebreus foram os responsáveis pela consolidação do monoteísmo (a crença em um único Deus) através do judaísmo. Essa religião forneceu as bases para a criação e consolidação das religiões de cristãs e mulçumanas.

Reconstrução do Templo de Jerusalém. 

A Política 

Os Hebreus tiveram três formas distintas de governo, sendo: patriarcas, juízes e a monarquia. 

Patriarcas 

No início de sua história, os hebreus eram um povo nômade, originários da cidade de Ur, localizada na Mesopotâmia. Sua fixação, no século II a.C., ocorreu na Palestina, região que ficou conhecida como a terra prometida dos Hebreus. 

Nesse período, os hebreus se organizavam em tribos, chefiados pelos patriarcas. Nomes importantes surgiram entre os patriarcas, sendo eles: Abraão, Isaac, Jacó e Moisés. Uma grande seca, em 1750 a.C., arrasou a Palestina, fazendo com que vários hebreus fugissem para o Egito, próximo à região do rio Nilo, onde permaneceram por 400 anos, até que começaram a ser perseguidos pelos faraós. Diante de tal situação, os hebreus retornaram para a Palestina sobre o comando de Moisés. Esse acontecimento ficou conhecido como Êxodo. 

De acordo com a religião judaica, nessa travessia pelo deserto do Sinai, Moisés recebeu de Deus os Dez Mandamentos, momento em que nasceu o Judaísmo.

O povo escolhido, os hebreus, firmou sua crença em um deus único, Javé, e passaram a condenar a idolatria. Após a morte de Moisés, Josué (o novo líder) contribuiu para a formação de uma confederação das doze tribos de hebreus, que tinham laços na crença religiosa e nas suas origens. 

Juízes 

O retorno dos hebreus à Palestina não foi fácil, pois a região estava dominada por outros povos.
Destarte, eles travaram embates contra os cananeus e contra os filisteus. Nesse período, que data de 1200 a.C. até 1010 a.C., os hebreus foram governados por chefes que aglomeraram funções: eram políticos, militares e religiosos e, por esse motivo, ficaram conhecidos como juízes.

Os juízes comandaram os hebreus de forma enérgica, sendo que os nomes mais conhecidos são: Gedeão, Sansão e Samuel. 

Monarquia 

Para solucionar as lutas externas e a desorganização interna, os hebreus decidiram adotar a monarquia, para centralizar o poder. Entre 1006 a 966 a.C., os hebreus foram governados por Davi, que conseguiu vencer os filisteus, transformando Jerusalém na capital dos hebreus.

A consolidação da monarquia ficou a cargo de Salomão, sucessor de Davi, entre os anos de 966 a 926 a.C.. Em seu governo, a administração e o comércio foram estruturados, além de construir vários templos e palácios com o intuito de mostrar a grandiosidade de sua administração. Em cada província, havia um representante do rei que cobrava os impostos da população. Os impostos, por sua vez, eram considerados abusivos e tal situação gerou revoltas, que tiveram drásticas consequências após a morte de Salomão.

Os hebreus foram divididos em dois reinos: o reino de Israel, que tinha como capital a cidade de Samaria, onde predominaram as atividades comerciais; e o reino de Judá, que tinha como capital Jerusalém, permanecendo com as atividades agropastoris. Essa divisão, em dois distintos reinos, não resolveu os problemas dos hebreus, pois permaneceram em disputa. Nesse ínterim, os mais pobres continuaram sendo explorados.

Diante desse contexto, é de fundamental importância salientar o surgimento dos profetas, sobretudo Amós e Oseas, que pregavam sobre os problemas em que os hebreus estavam vivendo e criticavam o caminho que estavam seguindo, como o abuso contra os pobres e o desvirtuamento da religião. 

Saiba Mais! 

A animação O Príncipe do Egito de 1998 apresenta a história dos hebreus enquanto permaneceram no Egito e o momento do Êxodo, liderados por Moisés.

A Estrela de Davi 

Economia e Sociedade 

Os hebreus tiveram dois principais momentos em sua história: quando eram nômades, tinham a organização tribal, atividade agropastoril, o que era produzido pertencia à comunidade, que era igualitária, não havendo divisões de classe ou exploração entre eles; quando passaram a ser sedentários, mudaram seus hábitos e diretrizes, a atividade comercial foi desenvolvida, provocando o desejo pelo lucro e, consequentemente, a criação da propriedade privada. Tais fatores acarretaram, entre eles, o surgimento das desigualdades sociais.

Devido às migrações, os hebreus viram no comércio uma forma de se adaptar nas diferentes regiões em que habitavam, sem causar maiores atritos com os povos instalados nessas regiões. 

Cultura

Na arquitetura, cabe destaque o Templo de Jerusalém, construído por Salomão; na literatura, tem-se as escrituras sagradas do Velho Testamento. Vale salientar que a religião é a grande contribuição dos hebreus para o mundo ocidental, servindo de inspiração para o estabelecimento e desenvolvimento do Cristianismo e do Islamismo.

Os dogmas do Judaísmo, que é a religião hebraica, encontram-se na Torá, que corresponde aos cinco livros do Pentateuco, que estão no Velho Testamento, sendo: Genesis, Êxodo, Deuteronômio, Números e Levítico. Neles, destacam-se a crença monoteísta em Javé e a aliança entre os hebreus e Deus - essa aliança deu as diretrizes para a criação da religião judaica.

A Dispersão dos Hebreus 

A decadência dos hebreus começou com a conquista do Reino de Israel pelos assírios, por volta de do ano de 722 a.C. Já em 587 a.C., o Reino de Judá foi conquistado por Nabucodonosor, que destruiu Jerusalém, e levou os hebreus para a Babilônia, tal fato ficou conhecido como Cativeiro da Babilônia. Esse cativeiro permaneceu até 538 a.C., quando a Babilônia foi conquistada pelo rei Persa Ciro II, que permitiu que os hebreus retornassem à Palestina. Quando chegaram à região, os hebreus se reorganizaram e passaram a ter os sacerdotes como líderes, os quais monitoravam a vida dos hebreus na ética, na moral e nas relações sociais.

A região da Palestina foi alvo de grandes imperadores, sendo conquistada, em 332 a.C., por Alexandre, o Grande, e, em 63 a.C., foi anexada ao Império Romano. Destarte, a região nunca foi totalmente dos hebreus, sempre estando vinculada a outros povos.

Diante de tal situação, os hebreus se rebelaram contra o governo romano e, em 70 d.C., o Imperador Tito agiu violentamente contra as rebeliões dos hebreus, provocando a Diáspora, que foi a dispersão dos hebreus pelo mundo.

O povo hebreu passou a viver em pequenas comunidades, ligados pela religião e cultura, com o sonho de um dia retornar para a Palestina. Os judeus se mantiveram como nação sem precisar estar todos localizados em um único Estado. Em 1948, foi criado o Estado de Israel na Palestina, o que ocasiona diversas disputas, já que a região estava habitada por outros povos.

Jerusalém

Os Fenícios 

Os fenícios foram considerados os grandes navegadores da Antiguidade Oriental e aliaram, com eficiência, o comércio e a navegação. Sua grande contribuição para o Ocidente foi a criação do alfabeto.

Localização 

A origem dos fenícios é datada em 2300 a.C., quando estavam localizados entre o mar Mediterrâneo e as montanhas do Líbano. O local era uma região montanhosa que não favorecia o desenvolvimento agropastoril, o que impulsionou os fenícios a desenvolver o comércio marítimo.

A região era favorável à navegação e ao comércio, pois era um local de rotas comerciais entre a Ásia e o Mediterrâneo. Lá havia madeiras específicas para a construção de navios, facilidade de portos e as praias possuíam moluscos que produziam um corante vermelho utilizado para tingir tecidos, procurado por vários comerciantes.

Mapa da Fenícia

Economia, Sociedade e Política 

A Fenícia era formada por cidades-Estado independentes entre si, ou seja, cada uma tinha o seu governo. O governo era chefiado pelo rei, que passava o cargo através da hereditariedade e não governava em absoluto, pois havia um conselho com membros da aristocracia e anciãos, conhecidos como sufetas.

As cidades vivam em disputa, sobretudo por mercados e produtos e algumas chegavam a pagar tributos a estrangeiros para terem proteção. Nenhuma das cidades era forte o suficiente para dominar as outras, mas algumas tiveram maior destaque em sua importância. Entre elas, podemos citar Biblos, que tinha um porto comercial movimentado; Sídon, que se destacou na exportação de tecidos, púrpura, joias, perfumes, entre outros; Tiro, que alcançou hegemonia na economia, conseguindo comercializar com diversas cidades, além de fundar a colônia de Cartago, no norte da África. 

A sociedade nas cidades fenícias estava dividida de acordo com a condição econômica e o papel desempenhado. A classe dominante era formada por empresários, funcionários do poder real e sacerdotes; havia a classe dos trabalhadores livres e pequenos proprietários, sendo a classe mais baixa formada por escravos e marinheiros pobres.

A economia era baseada no comércio marítimo. Destarte, os fenícios desenvolveram técnicas de navegação avançadas. 

Os produtos comercializados eram produzidos nas oficinas artesanais, onde fabricavam vidros coloridos e joias e dedicavam-se à metalurgia − produzindo armas − , e à produção de tintura para tecidos. 

Ademais, nas regiões com as quais comercializavam, importavam escravos, metais, pedras preciosas, essências, cereais, animais, entre outros.

A decadência dos fenícios foi devido à dominação de outros povos. Através de um longo processo, que se iniciou no século VIII a.C., foram conquistados pelos assírios, em seguida, já em 586 a.C., foram conquistados pelos Babilônios, e, em outro momento, foram dominados pelos persas, quando somente a cidade Tiro permaneceu livre. Alexandre, o Grande, em 332 a.C., dominou toda a região da Fenícia. 

Cultura 

A grande contribuição dos fenícios foi a criação do alfabeto − resultado do contato com diversos povos −, com o intuito de facilitar a comunicação. Esse alfabeto era composto por 22 sinais, que mais tarde foram aperfeiçoados pelos gregos. Desse alfabeto foi originado o alfabeto romano, que utilizamos atualmente. 

Em Resumo 

Os hebreus e os fenícios foram povos da Antiguidade Oriental que tiveram importante influência no mundo contemporâneo. Os hebreus firmaram a crença monoteísta e criaram o judaísmo, que influenciou na criação do Cristianismo e do Islamismo. Já os fenícios, além de grandes comerciantes e navegadores, criaram o alfabeto que originou a forma como nos comunicamos até hoje através da palavra escrita.

Referências 
  • ALVES, Alexandre; DE OLIVEIRA, Letícia Fagundes. Conexões com a História. 1.ed. São Paulo: Editora Moderna, 2010. 
  • CASELLI, Giovanni. As primeiras civilizações. São Paulo: Melhoramentos, 2000. 
  • COTRIM, Gilberto. História para o ensino médio – Brasil e Geral. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2002.