Para compreender o uso da crase, é necessário o embasamento no conteúdo de regência verbal. A crase utiliza o acento grave e, em contraposto, seu acento é o agudo. Sua morfologia vem do grego, krasis, que significa fusão ou união - a fusão de duas vogais "a" contínuas. Ela tem duas funções:
- Índice de contração: para sinalizar a crase (a + a = à);
- Índice de preposição: para sinalizar a preposição "a" em expressões de circunstâncias com o substantivo feminino singular, indicando que não se deve confundir com o artigo "a".

- a + a = à
(preposição) (artigo) (crase) - nunca antes de palavra masculina;
- quando a palavra feminina for substituída por uma masculina e puder ser substituída por "ao".
Casos obrigatórios:
- Se usa crase quando o "a" puder ser ser substituído por "para" ou "para a";
A moça correu às colinas.
A moça correu para as colinas. - Se usa crase antes de locuções adverbias femininas de modo, tempo e lugar:
O expediente começa às 9 horas. - Se usa crase antes de locuções prepositivas:
- à + [palavra feminina] + de = à maneira de;
- à + [palavra feminina] + que = à medida que.
- Se usa crase nas formas àquele(a), àqueles(as), àquilo, àqueloutro; quando o termo regente exige preposição "a":
Cheguei àquele lugar. (a + aquele)
Àquelas palavras acordaram-lhe lembranças da juventude. (a essas) - Se usa crase nas indicações de horas, incluindo "zero" e "meia":
Chegou às 8 horas.
O aumento entra em vigor à zero hora. - Se usa crase nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas constituídas de palavras femininas, como às pressas, às vezes, à risca, à noite, à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à força de, à espera de:Seguiu à risca as instruções: à noite, tirou o carro da primeira garagem à direita, virou à esquerda e à frente viu a namorada na esquina.
- Se usa crase quando "à moda" está subentendido:
Bife à milanesa. - Se usa crase antes de locuções que indicam meio ou instrumento e em outras tradições linguísticas exigidas, como à bala, à faca, à máquina, à chave, à vista, à venda, à toa, à tinta, à mão, à navalha, à espada, à queima-roupa, à fome:
Matar à fome.
O ator levou um tiro à queima-roupa. - Se usa crase na frente dos pronomes relativos que, qual e quais, quando o termo que os precede exige a preposição "a".
Eis a garota à qual você se referiu.
- Não se usa crase antes de palavra masculina:
andar a pé,
pagamento a prazo,
caminhar a esmo,
cheirar a suor,
viajar a cavalo,
vestir-se a caráter. - Não se usa crase antes de palavra no plural;
- Não se usa crase antes dos artigos indefinidos "um" e "uma";
- Não se usa crase antes de um topônimo se for feminino e não admitir artigo;
- Um topônimo é definido como nome de cidade, país, bairro, entre outros.
- Dica: Quem "vai a" e "volta da", crase há.
Quem "vai a" e "volta de", crase pra que?
Chegou a Brasília.
Irão a Roma este ano.
Iremos à Roma dos Césares. - Não se usa crase antes de verbo no infinitivo:
Passou a ver.
Começou a fazer
Pôs-se a falar. - Não se usa crase entre substantivos repetidos:
cara a cara,
gota a gota,
de ponta a ponta. - Não se usa crase antes de pronomes que não admitem artigo feminino:
Pediram a ela que saísse.
Não cheguei a nenhuma conclusão.
Dedicou o livro a essa moça.
Casos facultativos:
- Antes de pronomes possessivos femininos:
- minha, sua, nossa.
Entreguei o livro à minha irmã.
Entreguei o livro a minha irmã. - Antes de nomes próprios femininos:
Eu me referi à Luíza.
Eu me referi a Luíza.
Porquês

- porque: usado para frases afirmativas, quando por ser substituído por "pois";
- por que: início de frase interrogativa;
- porquê: quando for uma palavra substantivada;
- por quê: final de frase interrogativa.
Créditos: Crase